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O que mudou depois de 20 anos do assassinato de Rabin?

No dia 4 de novembro é marcado o 20º aniversário do assassinato de Yitzhak Rabin. Conhecido por ser o primeiro-ministro que deu um passo histórico em direção à paz com os palestinos.


Em setembro de 1993, Rabin assinou os Acordos de Oslo com o líder da OLP (Organização para Libertação da Palestina), Yasser Arafat, com o presidente dos Estados Unidos na época, Bill Clinton, assistindo o famoso aperto de mão no gramado da Casa Branca. Foi um marco importante na definição de um dos conflitos mais relevantes do Oriente Médio, mesmo que controverso gerando a oposição furiosa em ambos os lados.


Mas seu assassinato em um comício pela paz em Tel Aviv, em 4 de novembro de 1995, foi amplamente visto como o fim das esperanças de que o acordo, envolvendo uma retirada israelense dos territórios ocupados e a criação parcial de uma Autoridade palestina, poderia de fato liderar o caminho para uma paz justa e duradoura.


Rabin é lembrado como um soldado, depois de ter expulso os palestinos em massa durante a Guerra de Independência em 1948 e como chefe de gabinete durante a vitória na Guerra dos Seis Dias em 1967, quando Israel ocupou a Cisjordânia, Jerusalém Oriental e a Faixa de Gaza. Mas o pacificador-geral que acabou se tornando foi o primeiro líder político israelense a ser assassinado e, surpreendentemente, por outro judeu; não, como sempre pareceu mais provável, por um árabe.


O 20º aniversário de sua morte está acompanhado por uma conjuntura turbulenta: alta tensão sobre o local do Monte do Templo / Haram al-Sharif, em Jerusalém Oriental e a morte de 50 palestinos e 10 israelenses no último mês. Seja esta uma nova intifada (levante) ou não, ela veio novamente como um lembrete cruel da natureza intratável do conflito e a persistência da ocupação. Em meados da década de 1990, Netanyahu (atual Primeiro-Ministro de Israel), então na oposição e um feroz opositor dos Acordos de Oslo, foi responsabilizado por contribuir para uma atmosfera de incitamento. Grande parte do discurso atual em torno da morte de Rabin é sobre o perigo do extremismo na sociedade israelense.


Muitos são favoráveis ​a um primeiro-ministro mais decisivo do que Netanyahu, sejam quais forem as suas opiniões. "Israel precisa de um líder com o DNA de Rabin, que atuará com fé e determinação para chegar a um acordo", disse Uzi Baram, um ex-ministro do Trabalho. Já os palestinos estão céticos. Em 1987, quando a primeira Intifada irrompeu, Rabin era o Ministro da Defesa, que ameaçou "quebrar os ossos" dos jovens atiradores de pedras que confrontavam a ocupação. "Rabin nunca quis um Estado palestino", insistiu Abdel-Mahdi Hadi do think tank Passia.


Vinte anos depois da morte de Rabin, israelenses e palestinos concordam com pouco. Mas muitos de ambos os lados estão certos de que os Acordos de Oslo estão mortos, ou em seus últimos dias de vida. Nunca saberemos o que teria acontecido se Rabin tivesse vivido mais tempo, mas a esperança que existia há 20 anos nunca pareceu tão distante.


Karina Stange Calandrin é mestranda em Relações Internacionais no Programa de Pós-Graduação San Tiago Dantas (UNESP, UNICAMP, PUC-SP) e pesquisadora do GEDES.

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